A última vez que o vi? Bom, foi há umas semanas, fomos lá a casa, e, não
sei porquê, achei-o ainda mais calado, à superfície apenas a circunstância,
pouco mais, a minha cunhada sempre aquém desta realidade, com ela as palavras
circunscreviam-se a bibelôs e cortinados, o mais ser-lhe-ia inconcebível, pois,
a vida é isto, dois estranhos a viver sob um tecto durante décadas, ele
apercebeu-se do erro já tarde, demasiado tarde, acreditava no destino, e,
durante muitos anos, aceitou-o, até deixar de o suportar, repare nisto: todos
os seus actos foram de uma extraordinária lucidez! Não admito outras conjecturas
acerca do seu comportamento! Nem tão pouco juízos de valor! Creio,
sinceramente, que ele entrou numa espiral de desencanto, haverá coisa pior? Numa dolorosa lentidão, foi deixando, deixando, deixando, o exterior,
para se refugiar em si (…)
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