Há uns dias deparei-me com uma
evidência: há gestos que se me tornaram
impossíveis por se terem consubstanciado em palavra. Foi numa noite que
ameaçava chuva, havia dúvidas, demasiadas talvez, no ar, da minha parte, dela
também, entretanto, um jantar, vários convidados, fiquei de a ir buscar a casa,
nessa altura uma chuva miudinha turvava horizontes, logo aproximava as coisas,
à hora marcada, eu à porta dela, como combinado, um toque para o telefone anunciava
a minha chegada, ela a descer, havia uma distância, próxima da altivez, na sua
voz e gestos que me agradava profundamente, denotei-a assim que entrou no
carro, como sempre, eu com melodias do ontem, ainda hoje não sei se lhe
agradavam, embora música, para mim, fosse um veículo para me evadir da minha
circunstância e regressar a lugares do ontem onde, afinal, compreendo hoje o
que é isso da felicidade, porque é
sempre retrospectiva (...)
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