A
primeira vez que ali entrei, pela mão dos meus pais, teria os meus sete ou oito
anos, desde logo, fascinou-me a grandiosidade e a beleza do espaço, pude
contemplá-lo demoradamente porque havia uma fila considerável, compreendi,
pelas rasgadas janelas, um verde, lá fora, a relembrar-me aventuras em paragens
longínquas, enredos de cinema ou banda-desenhada regressaram-me à vista de tão
luxuriante paisagem, quando chegou a nossa vez, uma voz sussurrou-me (não me recordo se meu pai ou minha mãe), “Agora escolhes quatro variedades”, eu,
atónito, a contemplar as múltiplas iguarias, algumas pela primeira vez, hesitante,
renitente, a voz insistia: “Escolhe quatro variedades”, quase tacteando lá
procedi à minha selecção, depositaram-me o prato no tabuleiro (não me
recordo se meu pai ou minha mãe), seguiu-se
a escolha da sobremesa, o meu olhar, não sei porquê, perdido numa iguaria
verde, nunca vira um doce com tal coloração, com a exigida educação (sim,
houve tempos em que a educação era um imperativo social) questionei que doce era aquele, responderam-me, sorridentes, mousse de
abacate, de súbito, parecia estar noutro continente (mousse de abacate), a
escolha estava feita, após o pagamento, a procura por uma mesa vazia, havia uma
mesmo junto à grande janela que ilustrava um verde, lá fora, a relembrar-me
aventuras em paragens longínquas, foi a primeira vez que ali entrei, teria os
meus sete ou oito anos, mas uma certeza nasceu-me, ali estava meu lugar
preferido para almoçar...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.