Há uns dias, numa rua deste outrora
país, vejo uma série de carros com as rodas bloqueadas, à volta dos vidros uma
fita demasiado fluorescente, prudentemente seguro pelo limpa pára-brisas, no
vidro da frente, um envelope-branco, pois, não seria nenhuma tímida declaração
de amor, tão-só a coima, pena ser um texto, se fosse oralmente usaria a
peculiar pronúncia inerente aos monos, dia de semana, final de tarde, seriam
uns seis ou sete carros, perante este grotesco cenário, uma questão
regressou-me, já me assola há muito, confesso, como
pode este povinho falar de liberdade?! Onde está a materialização deste
conceito?! Não me vou alongar em considerações sobre o amaldiçoado dia de
Abril do fatídico ano de setenta e quatro, não, não vale a pena, quem quiser a Verdade
que a procure, desde então ser-me-ia fácil elencar as três bancarrotas, a
marginalidade galopante, o dizimar das florestas (até entrou no léxico a “época dos incêndios”), Entre-os-Rios,
Pedrógão-Grande, ex-presidiários à frente de autarquias ou pedófilos noutros
lugares de relevo, enfim, o caos reina, fronteiras esboroadas, tudo entra, a
segurança tornou-se uma utopia, o povinho vive num marasmo, alimentado a
ansiolíticos, acrítico, analfabeto sem precedentes, agora até conseguiram que
cada um compre a sua própria coleira na forma de um rectângulo, ficam a saber
onde está, com quem fala, os seus gostos, convicções (se as tiver…), fraquezas,
a janela da privacidade esfumou-se, porém, lá seguem inclinados para aquilo,
quem diria que, num dado momento da história da humanidade, cada um iria
comprar o seu cárcere? E numa altura em que a ciência tanto evoluiu! O homem e
os seus paradoxos, também foi por estes dias que acenaram com o medo, sob a
forma de um hipotético vírus, logo quase tudo, em pânico, a cobrir a boquinha e
o nariz com um trapito, o meu espanto maior foi ver gente com estudos, alguns que até considerava inteligentes, a
cair neste logro, dei por mim a concluir que, afinal, ainda não saímos das cavernas, de novo, Platão a
caminhar a meu lado, em verdade, nunca o deixou de fazer, assisti
(assisto ainda) a espectáculos do mais deprimente possível, com gentinha a
besuntar as mãozinhas em álcool-gel, como se investidos de uma designação
divina, o trapito omnipresente a cobrir do queixo até aos olhitos amedrontados,
nalguns casos até foi positivo, a fealdade lá se ocultava, pois, afinal, ainda
não saímos das cavernas, foi vê-los dentro dos carros com a focinheira, sozinhos
na rua, a injectar dose atrás de dose da sopa-verde que lhes concedia o
salvo-conduto do vírus-espinhoso, confesso o meu espanto pelo índice da
estupidez humana no século XXI, quem arquitectou esse logro, cujo objectivo
ainda se mantém, por enquanto, nebuloso, a não ser que se restrinja aos
astronómicos lucros de farmacêuticas e respectivos laboratórios, conhece bem o
índice da estupidez humana, caro leitor, pense comigo, se quisesse controlar um
grupo de indivíduos, de forma gratuita, como fazê-lo? Pois é, pô-los a
controlarem-se entre si! Daqui surgiu o tirano do “Politicamente Correcto” –
com todas as suas derivações, até ao nível linguístico! Fica mal dizer isto,
não se deve dizer aquilo, pensa-se, mas jamais se ousa verbalizar, usa-se como
arma-de-arremesso caso se queira eliminar um concorrente em determinada
área-social, tornámo-nos censor do outro, sem convite para tal, como pode este
povinho falar de liberdade?! Onde está a materialização deste conceito?! Porém,
todas as manifestações absurdas, com o cognome de “orgulho”, são
potenciadas em nome da tal liberdade, é ver o desfile diário de aberrações, será
que ninguém pára e questiona: “A quem interessa
isto? Quem, de facto, promove este circo?” Há uns dezasseis anos, ouvi o
relato de um conhecido, professor, que foi parar a uma escola num
contexto-social razoável, ficou, desde logo, impressionado com a dentadura da
directora dessa escola (antes denominavam-se presidentes do conselho-directivo,
depois passou a conselho-executivo, por fim, o regime guindou-os a directores,
na sua maioria não são mais que delegados deste funesto regime), uma figura-tétrica com uma dentição similar à de um
Tubarão-Branco, ressalvo, desde já, acreditar piamente na sua descrição,
denotou, desde logo, que o foco do processo ensino/aprendizagem se centrava no
discente, algo se deteriorava, certa tarde, no final de uma reunião, foi
interpelado por uma colega mais velha que lhe disse, numa voz suave: “Atenção: esta turma é constituída por
filhos de gente muito importante…”, só pôde sorrir perante tal alarvidade,
respondeu-lhe: “Gente importante é a que mora aqui!”, e apontou para o
seu peito, ainda hoje, não sei porquê, creio que essa velha não tenha captado o
real alcance das suas palavras, outra figura-tétrica que por ali deambulava era
uma psicóloga-de-pacotilha, com uma anacrónica permanente do tempo das Doce, um
focinho amargo que dava dó, cuja a única função era fomentar uma das premissas
deste maldito regime: a destruição da família! Não por acaso, essa
figura-tétrica já assistira à destruição do seu núcleo-familiar, desde
suicídios a outras tragédias, daí manifestamente ser uma
psicóloga-de-pacotilha, mas são, de facto, estas monstruosidades os agentes ideais
do regime, como frustrados infelizes tudo farão para que os outros também não
luzam, repito, isto foi-me relatado há dezasseis-anos, tirando o Tubarão-Branco
que encostou de decrepitude, também nunca conheceu o alvor, o resto por ali
continua, até uma gorda que, devido à psoríase, andava sempre de mangas-compridas,
este relato fez-me questionar: “A quem interessa isto? Quem, de facto, promove
este circo?” Felizmente as respostas não tardaram, embora, durante os anos
de faculdade, tentassem, de forma sublimada, alertar-me para os factos, é
sempre dolorosa a compreensão de que fomos enganados, por esta razão, a maioria
nem intenta um esforço neste sentido, a balsâmica ilusão da mentira, de novo,
Platão a caminhar a meu lado, em verdade, nunca o deixou de fazer, concluir que
se é governado por uma seita-secreta (Quem, com um pingo de dignidade, entra numa
seita-secreta que usa um avental? Cuja base está no vocábulo: trolha, do
francês: maçon=pedreiro); cujo o único fito é a promoção do caos-social, dele
se alimentam, nele se promovem, como um cancro; daí Salazar sabiamente os ter proibido
e expropriado, não foi o único felizmente a tomar esta medida, “Mas a
história é escrita por quem enterra os heróis”, assim reza uma frase
medieva, e no amaldiçoado ano de setenta e quatro esta seita viu os seus bens imobiliários
e não só serem-lhe devolvidos, confesso desconhecer se os aventais também foram
confiscados, e aí estão à solta, a destruir insaciavelmente todo e qualquer
Valor-Digno, daí a educação ser uma área tão importante, para formatar as já
débeis mentes da juventude, alimentadas a álcool, fumos, telemóvel e festivais de
Verão, assim são criados os tais programas das disciplinas, tudo embrulhado sob
o espectro do “Politicamente-Correcto”, e eis o resultado: cidadãos
acríticos, incapazes de descodificar quatro linhas, a defender escroques do
piorio e a insultar vultos de uma nobreza ímpar; os trolhas, nestes últimos tempos,
têm estendido os seus ataques à essência de uma nação: as suas história e
língua; a invasão de anglicismos, mais concretamente americanismos, no dia-dia,
já grassa o insuportável; repetindo-me: gente com estudos, alguns que até
considerava inteligentes, a cair neste logro, dei por mim a concluir que,
afinal, ainda não saímos das cavernas, de novo, Platão a caminhar a meu lado,
em verdade, nunca o deixou de fazer, a concluir frases com pérolas assim: “…
depois dá-me feed-back…”; e outras tantas que, por uma questão de decoro, me
recuso a enunciar, a nobre história dos descobrimentos portugueses, por exemplo,
tem vindo a ser denegrida por figuras-decadentes a soldo deste regime, os
símbolos desta seita pululam por todo o lado, a maioria construídos à custa do
erário-público, ninguém se insurge porque poucos se apercebem destes factos, “E
a vista vai-se habituando…”, outro aspecto deste regime prende-se com as
denominadas figuras-públicas, desconheço, na essência, este conceito, “Gente
importante é a que mora aqui!”, e apontou ao seu peito, são colocadas
precisamente para darem o seu contributo a este amaldiçoado ideário, nada
mais, daí, a um olhar mais atento, vê-los a prestar, através de símbolos,
vassalagem aos seus donos, como as mãozinhas-juntas a formar o “olho que
tudo vê”, tão caro aos trolhas, ou pensam que lá estão por mérito? Da música
à literatura, do cinema ao teatro? Não há filme ou série onde não haja, desde
há uns tempos, um casal homossexual. Como se houvesse algum elementar orgulho
nisso! E onde fica a privacidade de cada um? A sexualidade, por acaso, é uma
bandeira para ser hasteada e jogada na cara do outro? Não, jamais irei por aí,
o facto de gostar de mulheres só a mim diz respeito. Ainda no que concerne ao utópico
horizonte da meritocracia, há uns anos, enviei um romance para uma editora,
pensava eu, recebi como resposta uma questão: “Vem da parte de quem?” Laconicamente
respondi: “Venho da minha parte!” Desde esse dia, nunca mais comprei um
livro.
Pedro de Sá
(04/08/22)
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