Foi numa hora de almoço, com uns
colegas aborrecidíssimos, num desses lugares esconsos, onde se sorve o que se
pensa ser uma refeição a olhar ponteiros, de pé, que o ouvi, estava na mesa
atrás da minha, igualmente de pé, ignoro para quem falava, se homem ou mulher, não
ousei olhar para trás, tal o fascínio das suas palavras, no fundo parecia estar
a falar comigo, abandonei o meu corpo na mesa com os colegas aborrecidíssimos,
pensar e sentir debruçados sobre a mesa de trás, ainda hoje se suspende, diante
de mim, a sua primeira frase Acho que
nunca saímos do mesmo lugar… Não sei porquê, como ecoou em mim Acho que nunca saímos do mesmo lugar… E
prosseguiu Essa história de mudar,
tornarmo-nos melhores, sermos o que desejarmos, apenas tolices para enganar
estúpidos, vimos a este mundo com uma fôrma e dele partiremos iguais, apenas e
só, dir-me-á que há quem mude, hoje pense de uma outra forma, amanhã de outra, eu respondo:
Errado! Apenas se ajustou ao rumo do acontecer, pouco mais, a sua essência
permanece inalterada, como a água nos diferentes estados, sólido, líquido ou
gasoso, é sempre água, lá está, ajustou-se às exigências do meio, por exemplo:
já viu alguém que goste de falar tornar-se introvertido? Claro que não! Pode
haver circunstâncias em que se possa sentir constrangido, novos contextos,
ambientes hostis, porém, na sua essência gostaria de se comunicar, está a perceber? (...)
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