Livros do Escritor
quarta-feira, 30 de outubro de 2019
domingo, 27 de outubro de 2019
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
Se
continuássemos, hoje seríamos um desses casais que se suporta, onde as
temáticas de conversa pouco além vão do circunstancial, nem se recordam da
última vez que se tocaram, e, o pior de tudo, compreendem-se estranhos presos a
um equívoco – náufragos a partilhar o mesmo destroço… Há coisa pior?
in Deslumbramento
A biografia do objecto
Volta
e meia isto acontece, ultimamente com mais frequência, quando saio de uma
divisão da casa e apago a luz, fico, da ombreira da porta, a olhar o horizonte
escurecido, sobretudo o chão, porque ali persiste uma luz num incessante
movimento (afinal, a memória é um eterno presente), a percorrer aquele trajecto
octal...
sábado, 19 de outubro de 2019
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
terça-feira, 15 de outubro de 2019
(…) duvido
que esta pergunta atormente, no hoje, algum daqueles que foram para a rua,
naquele dia, jogar à bola pela última vez com os amigos de infância, acho que
pensamentos assim só no meu espírito encontram
espaço, talvez por não perder demasiado em ânsias de me juntar ao “Coro
dos Tempos”, sempre me senti anacrónico face ao correr das
coisas, como se habitasse em todos os tempos e simultaneamente em nenhum (…)
in A noite do mundo
sábado, 12 de outubro de 2019
quinta-feira, 10 de outubro de 2019
A biografia do objecto
Assim
que sinto o ar da tarde quase finda pelo rosto, uma sensação de paz e
simultaneamente de derrota, pelos candeeiros acesos em volta, num prenúncio de
sombras pelos passeios, estamos naquela altura do ano em que caminhamos pelo
mundo apenas sob a noite, saímos alumiados pelas longínquas centelhas
nocturnas, regressamos com o seu despertar num céu que se vai anoitecendo, daí
esta ambivalência no meu sentir, se no Verão a luz cega-me e o calor guia-me os
passos para cenários marítimos, agora esta luz enfraquecida ilumina o pormenor
das coisas, embora pese no pensar, talvez por se fazer acompanhar do passado de
cada um de nós, daí o meu desconforto, creio que a minha alma é um lugar lá
atrás (…)
terça-feira, 8 de outubro de 2019
O
tempo: talvez seja a maior das ilusões. Só percebemos a sua passagem pela ruína
que nos tornamos. E o incessante somar de ausências à nossa volta. De resto,
fecha-se os olhos, e o ontem está no hoje: num rosto, uma melodia, um lugar… E
no rarear do sonho… Quando deixei de sonhar? Sei lá! Foi há muito, isso sem dúvida. E a esta realidade ninguém
foge.
domingo, 6 de outubro de 2019
quinta-feira, 3 de outubro de 2019
A noite do mundo
Há uns
dias, ouvi de alguém a seguinte frase: “Receio
por si após terminar o livro”, pois, e eu
terminei o livro, compreendi a frase, inteligente, sopesada, a sua amplitude
pelo contexto, mas, repito, terminei o livro, e a questão maior levanta-se-me:
E agora? E agora? Mais de seis meses nisto, escrever, corrigir, reler,
reescrever, apontamentos, notas, reflexões, de novo, escrever, corrigir, reler,
reescrever, por fim, o mais desejado e simultaneamente o mais doloroso,
despedir-me, como se dissesse adeus a um familiar próximo, lá vai seguir o seu
caminho, ser alvo de múltiplas interpretações, algumas tacteiam o que ali verti
de mim, outras distantes, nem pelo horizonte do que por ali testemunhei,
contudo, nem ouso uma correcção, não tenho esse direito, de facto, ninguém o
tem, direccionar uma interpretação, espartilhá-la, velho e sabido, cada um
acede à obra com a sua ”chave”, daí
haver tantos livros quantos os seus leitores, filmes quantos os seus
espectadores, neste momento, acredito que o meu caminho se fez do mundo para
mim, como se fosse recolhendo tudo o que estivesse largado por aí, para,
finalmente, regressar-me, de livros já não falo, quem me ensinou a folheá-los,
caminha há muito por outras paragens, de filmes também não, percebi que os meus
horizontes têm outras colorações, houve uma altura onde ainda um esforço para o
diálogo (“Já viste o último filme do… No último Sábado, vi um filmão… Nem
imaginas… Devias ver o…”, hoje, nada
disto, vejo, analiso e calo-me, é o melhor, o restante não vale a pena, sinto,
de dia para dia, um decréscimo de essências, enquanto vazios se multiplicam numa
ferocidade vertiginosa, numa ameaça patente de tudo tomar, chamo-lhe o “Coro
dos Tempos”, cada época tem o seu, por
norma, quase todos procuram juntar-se-lhe, num receio claro de que a sua voz
não ecoe, não seja aceite e reconhecida, como sempre me dei bem com a minha
voz, não me interessa vê-la associada a outros timbres, daí esta coisa que me
acompanha os passos de ser avesso a aglomerados, há uma questão essencial a que
nenhum homem devia fugir, eu, há uns dias, resolvi olhá-la, sentar-me diante
dela, compreendi-a na sua essência, daí saber que jamais lhe poderia responder:
“Qual foi a última vez que foi para a rua jogar à bola com os amigos?” A questão encerra, em si mesma, a tristeza
(ou felicidade?) da ignorância: o desconhecimento de ser a última vez! Não me
lembro, duvido que alguém se recorde, da última vez que procurou pedras para
demarcar as balizas (…)
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