Ali estava ele, sentado na calçada de uma movimentada rua da
cidade (Qual?), de mão estendida. Devia ser de tarde. Mas ele há muito
desinteressara-se do tempo dos outros. Observava os passantes na ânsia da
dádiva. Alguns devolviam-lhe uma certeza que, de alguma forma, conseguira
soterrar em si, através de um olhar inflexível. Estes eram sempre os mais
apressados. Geralmente, andavam munidos de uma pasta. Transpareciam uma
confiança, em cada passo, que o deixava atónito. Como se soubessem, em algum
recanto interior, que o destino era um servo submisso à espera das suas
instruções no alpendre. E ele, a sentir, simultaneamente, o frio e a dureza da
calçada, nutria compaixão por eles. Mas uma compaixão sincera. Como se os
olhasse de um cume, e os soubesse na dura inclinação da encosta (...)
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