“À noite falamos melhor!”, gritei para o interior escurecido da casa,
apesar da manhã no seu auge, ela sempre com os estores corridos ou as cortinas
fechadas, desde aquele dia, creio que foi por aí, antes de fechar a porta,
ainda insistiu, “Mas pensa bem no assunto! Vê lá se reflectes! Fiquei de
lhe dar uma resposta”, repeti “À noite falamos melhor!”, não tive alternativa,
fechei a porta, desci as escadas e saí para a luminosidade da manhã, a vista
demorou-se a adaptar, baixei o olhar, por uns segundos, antes de iniciar a
marcha, como se um rito diário, tal a escuridão onde vivia, enquanto caminhava,
o meu pensar regressou, não sei bem porquê, ao seu pedido, havia nele quase um
tom de súplica (“Mas pensa bem no assunto! Vê lá se reflectes!”), sem me dar
conta, era o que fazia, reflectir no seu pedido...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.