Lar? O
que é isso de lar? Quando um prenúncio de regresso pelo mundo anoitecido, um
sentir de orfandade aloja-se-me no sentir, ou talvez nunca dali tenha partido,
como se fosse um conceito que ignorasse (e não ignoro? Lar? O que é isso de lar?),
em verdade, nunca houve, debaixo deste céu, um lugar onde me sentisse em casa, onde
regressar me apaziguasse o pensamento, vejo, agora, pressa à minha volta, pelas
ruas percebemos o turvar dos céus, enquanto os candeeiros procuram contrariar,
alumiando o possível, a ordem natural do acontecer, ouço, ainda sentado diante
da minha secretária, “Então,
até amanhã…” ou “Não vais para casa?”
ainda “Vais ficar a fazer serão?”, malas quase arrancadas do chão, luzes
apagadas com ferocidade, casacos vestidos sem olhar (não sei porquê, mas
afigurou-se-me o oposto, em tempo e parcimónia, do gesto matinal)...
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