“Era
uma vez um homem inábil para as letras e números. Embora nunca tivesse aceitado
este facto. Logo, não o resolveu nada bem de si para si. Assim sendo, teve de
trabalhar, nos bons tempos, sim, houve bons tempos neste outrora país, em que certas
palavras não eram de uso corrente (como
roubo, desfalque, crime, desvio de fundos, época de fogos, violações,
rendimento mínimo, subvenções vitalícias, droga, metadona, ressaca, mais crime,
currículo alternativo, passagem administrativa, por aí fora…), de ordem,
educação, quem não estudava, ia trabalhar, não andava a enganar os outros, e
ele assim o fez, foi trabalhar para bem longe, para outro continente (nesses bons tempos, a nossa bandeira estava
hasteada bem alto em vários pontos do globo), aí se instalou e rapidamente
começou a ganhar a vida, era extrovertido por natureza, procurava compensar a
baixa estatura com outros dotes, como a dança e o verbo fácil, como sempre
acontece nas histórias, certo dia conheceu a tal, a que lhe estava reservada nesta
existência, uma alma tão desarrumada que tudo iria desarrumar à sua volta, foi
tal o seu fascínio que, com o tempo, se foi apagando para que ela brilhasse
ainda mais…"
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