Meu irmão, o que te fez a vida? Aqui estou, na ombreira da porta, da sala
de visitas, comprida, larga, discretamente a observar-te, perdido que estás, à
janela, de pijama, olhas não para lá do vidro, mas um não sei quê em ti, mais
tarde ou mais cedo todos acabamos por olhar “um não sei quê” em nós, é uma
inevitabilidade, no teu caso foi cedo, talvez em demasia, lá fora um prenúncio
de noite, os dias mais ligeiros com a mala, com pressa em abandonar-nos, mas
isso é-te indiferente, há muito fizeste a mala ao aqui, meu irmão, o que te fez
a vida? Persistes com a janela, mas até da distância vê-se que nada esperas...
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