Havia
um piano em casa da minha Avó, por causa disso, aquela deixou de ser a casa da
minha Avó e passou a ser a casa do piano, o meu olhar, nesse tempo, apenas à
altura das teclas, alvas, etéreas, pareciam na expectativa de uma divindade
caminhante que fizesse soar acordes adormecidos, não sei porquê, mas não se
falava do piano, como se não dominasse uma das divisões da casa, parecia haver,
entre os crescidos, um acordo sublimado de não se falar do piano, eu, nesse
tempo, apenas à altura das teclas, nunca ouvira falar de tais acordos, apenas o
pressentia…
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