Pela
janela da sala, do outro lado da rua, eu via a paragem de autocarro, nunca
liguei muito àquela armação metálica onde, quase sempre, fora da hora prometida,
chegava um veículo para despejar gente e levar outra tanta, como se mercadoria,
só que quem subia e descia aqueles dois degraus eram sonhos, embora a maioria
inconclusos, no fundo, creio que a totalidade, da janela do hoje já não
vislumbro uma paragem de autocarro, e tenho saudades, porque, a partir de certo
momento, eu tudo via menos aquela armação metálica, minha mãe, no início,
ficava, da janela, a ver-me atravessar a estrada, de mochila às costas, por
norma, nunca me sentava naquilo que se convencionou apelidar de banco,
primeiro, porque estava sempre ocupado, independentemente da hora, segundo,
nunca me deu para tal, ainda bem, cedia espaço a quem, de facto, dele
precisava, e aqueles minutos de espera sempre serviam para esticar as pernas, foi,
lembro-me tão bem, no segundo dia de aulas (…)
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