Um das mais vívidas memórias da minha infância é de viajar, de facto, houve
uma altura onde o mundo se apresentou através do vidro passante do carro, meu
pai ao volante, minha mãe a seu lado, eu, no banco de trás, na fé da infância,
sem dúvida a mais pura, ainda ecos da voz de Deus, achava que meus pais estavam
ao leme do destino, como é enternecedor o olhar de uma criança (os pais ao leme
do destino), que ilusão, talvez envelhecer seja a compreensão de que nunca
houve lemes, apenas destino, daí tanta amargura sobre a terra, apenas cada um
às voltas com o seu fado, há uns dias, não sei bem porquê, dou comigo às voltas
com um antigo álbum de fotos, enquanto virava as páginas, o olhar turvou-se-me,
quantos já não partiram…
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