Livros

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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

… que nos fazia passar tardes e tardes, de estore corrido, como se o mundo fosse um lugar longe, gostava tanto desse sentir: voltar as costas ao mundo e deixá-lo lá longe, tão longe, próximo de uma paisagem do esquecimento…

in  O esquecimento do futuro

terça-feira, 20 de novembro de 2018


… havia naquele desleixado corpo um desesperançado grito mudo que só encontra espelho na boca desdentada e ruminante de um velho só numa tarde de Domingo…

in O esquecimento do futuro

domingo, 18 de novembro de 2018

O esquecimento do futuro



De vez em quando, dá-me para isto, olhar as coisas em todos os seus tempos, às vezes até com o futuro, que é sempre o que não é, assim me encontro neste momento, olho para perceber o porquê de aqui estar, com o seu quê de irrepetível, como se tudo não pudesse ser de outra forma, talvez por aqui ande a compreensão do viver, creio que sim, pois, como dizia, olhar as coisas em todos os seus tempos, nessa tarde, dou por mim a olhá-lo, ele absorvido com a televisão, o écran mais verde que outra coisa, pois, futebol e futebol, o seu rosto em esgares a acompanhar a rota daquela bola, como se por ali tudo um sentido das coisas...

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

… enquanto se despedia da casa, sempre aquele delicado do feminino, não sabia explicar muito bem, mas era isso que sentia ali da porta, talvez porque os sonhos do feminino tenham longas raízes, é possível, feminino e lar são velhos caminhantes, de seguida, foi até ao quarto, deteve-se apenas no leito, afinal, aí se escreve um casal...

in O que queria ser um pássaro se não o fosse?

sábado, 10 de novembro de 2018



Vivo sozinha, tão sozinha, às vezes falo para acreditar que ainda respiro…

in Algodão-Doce


quarta-feira, 7 de novembro de 2018


quando um nome acompanha o respirar, o coração já não pertence ao peito onde bate…

in Algodão-Doce

domingo, 4 de novembro de 2018

Algodão-doce



Quando me apercebi, falávamos disto e daquilo, pareceu-me que já nos conhecíamos, nesta vida, de facto, pela melodia da voz, a familiaridade peculiar de um gesto que risca o ar, a compreensão derramada por um olhar, há quem, de facto, pareça caminhar há muito a nosso lado, ela segurava um copo de sumo, embora o ignorasse, desde que encetáramos o diálogo, à nossa volta só ruído, porém, nós permanecíamos naquele peculiar universo velozmente criado para nos comunicarmos, nunca fui festivo, por isso, nessa noite, ali desaguei somente pela promessa de que seria uma pequena reunião de amigos para celebrar o aniversário do… Pois, não interessa, não vou chamar para aqui o seu nome, como dizia, fui dos últimos a chegar, de facto, não havia muita gente, embora, para mim, fosse sempre gente a mais (…)

quinta-feira, 1 de novembro de 2018


… nesta vida, todas as horas chegam, sempre mais depressa as das partidas do que as das chegadas, esta é uma das veladas amarguras do existir…

in O que queria ser um pássaro se não o fosse?


Rua das Buganvílias


A primeira vez que ouvi falar nisto foi num fim-de-semana, ainda olhava os meus pais do humilde rés-do-chão dos meus oito anos, enquanto eles, nos píncaros da sua razão, debatiam temáticas ininteligíveis e chatíssimas de despesas e facturas, creio que era Sábado, depois do pequeno-almoço, é aquela altura em que, por força do ócio, cada um se senta diante do seu desígnio, e compreende a sua nitidez ou total empalidecer, nunca é fácil sentarmo-nos diante de nós, nem no rés-do-chão dos oito anos e ainda menos quando se atinge os píncaros da razão, mas, como dizia, foi a primeira vez que ouvi falar nisto, meu pai, sentado, o jornal quase o cobria na totalidade, minha mãe com o pó ou a fingir que arrumava coisas por ali perto...