Livros

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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

segunda-feira, 28 de agosto de 2017


"Agora, apenas um espelho de pedra. E as datas. E ele, em si, a memorizá-las, como se precisasse, mais com o olhar, ao mesmo tempo que se irava contra os balizamentos do social. Duas datas: parecia um bilhete tornado epitáfio; e da viagem, nem um vislumbre…"

in "Do outro lado do rio, há uma margem"

sexta-feira, 25 de agosto de 2017


"Por fim, o sol obrigou-o a desviar-se. Olhou um ramo próximo. Admirava, agora, a graça com que se alongava, em contínuas multiplicações, numa harmonia de matéria e céu. Como se abraçasse o todo, e tangesse a impossibilidade. De súbito, levou a mão ao rosto. Contemplou as inscrições gravadas na palma. E, então sim, compreendeu…"

in "Queria rever o teu rosto ao entardecer"


terça-feira, 22 de agosto de 2017


"A questão de sempre: a realidade não sonha, é sonhada. E o tempo do sonho não é o tempo do homem. É uma outra coisa. Daí a dor do acordar…"
in "Queria rever o teu rosto ao entardecer"

quarta-feira, 16 de agosto de 2017


O mito é o respirar do sentido.

in Queria rever o teu rosto ao entardecer

quarta-feira, 9 de agosto de 2017


"... ficaram os quatro sobre a falésia, aquém verbo, a olhar a praia que, a seus pés, se estendia até ao opulento e desafiador promontório, num incessante baile de ares, areias e águas. Movimento, foi a palavra que adveio ao espírito de Luís, e que traduzia, na perfeição, aquele cenário. Nada era estático. Tudo se mobilizava, a começar nas incessantes colinas de água das vagas, que se diluíam na areia, para logo ressurgirem no zénite líquido, tudo pautado pelo contínuo silvar do vento, passageiro das ondas, intemporal escultor dos caminhos do homem."

in "Queria rever o teu rosto ao entardecer"

segunda-feira, 7 de agosto de 2017


"Trouxe consigo, no regresso, apenas o possível. Como há muito aprendera a fazer. Afinal, a maior jornada não era a ida ao supermercado, mas a odisseia mensal da sobrevivência. Havia, de facto, naquela cidade, e em muitas outras do país que a vira nascer, muitos milagres da multiplicação. E só um país onde há fome é pródigo em taumaturgos.
Ao chegar, não houve o canto da sua ave. Também ela se silenciara. Sobe as escadas num esforço indizível. A dor é sempre incomunicável. Mete a chave à porta, e o seu coração aquece-se. Ouve o som familiar de alguém que a espera. Em breve, estará aos saltos a seu lado, a pedir comida, a lamber-lhe as mãos na singularidade de uma ternura desmedida. Sim, é a sua única companhia. É quem se senta a seu lado a olhar as fotografias."

in "Com a idade aprende-se a dizer Adeus"

sábado, 5 de agosto de 2017



"Neste momento, olha à sua volta, ao mesmo tempo que embala o carrinho. Talvez a criança ainda durma. Casais de idosos aqui e acolá, num passo em sintonia com o tempo. Ela olha-os com a inevitável distância da idade, mas na crescente compreensão de uma indesejada meta próxima. Outras mães e filhos aproveitam o precioso verde da urbe. Em bancos próximos, grupos de velhotes discutem temáticas próprias de quem enfrenta o vazio do tempo. Uma das mais duras batalhas da vida! Como resultado, sempre a derrota… Nada mais. Ou se sai louco, ou na amargura de quem bebeu o absurdo de ser…"
in "A alma reflecte-se num espelho d´água"


quinta-feira, 3 de agosto de 2017


"Há questões, de tão repetidas, que se sabe o tempo da resposta, assim que o NIF a chegar-lhe pelo auscultador, logo os seus dedos a iluminar o ecrã, o BI era apenas um pretexto, nunca o chegava a apontar, por ali, nada de novo, mais alguém que perdeu a corrida com os números, de novo, como se emitida por uma voz demasiado distante da sua, a frase já no mundo, Lamento informá-la, mas não nos vai ser possível conceder-lhe qualquer crédito… Tem aqui vencido…"

in "A Compreensão do Inverno"