Sabe,
hesitei muito antes de lhe telefonar, mas tinha de lhe dizer que a figueira,
sim, essa mesma, foi derrubada (o
necessário e arrastado silêncio para trazer o ontem ao hoje), pois, calculei que lhe dissesse respeito,
espero não estar a incomodá-la… Óptimo! Óptimo! Não imagina as formas que
pensei para iniciar esta conversa, sim, é verdade, parece que temos sempre a
mesma idade, obrigado, também é bom ouvi-la, desde já, desculpe o formalismo,
mas não me sentia à vontade para tratá-la na segunda pessoa, não estou a ouvir
bem… O quê? Ah, sim, já estou a ouvir melhor, olhe, vou-lhe contar as coisas
como aconteceram, como sabe, nunca fui amigo da mentira, tive de vender a
quinta que era pertença da minha família há, pelo menos, três gerações, era
isso ou o meu filho acabava mal, o jogo (por momentos, só se ouvia o
respirar dar voz ao sentir)… Sabe como é,
quando sobra em tempo o que falta em cabeça, o resultado, por norma, chama-se
desastre, foi o que aconteceu (...)
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