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segunda-feira, 9 de julho de 2018

Preferia ser uma floresta do que uma estrada


Sabe, hesitei muito antes de lhe telefonar, mas tinha de lhe dizer que a figueira, sim, essa mesma, foi derrubada (o necessário e arrastado silêncio para trazer o ontem ao hoje), pois, calculei que lhe dissesse respeito, espero não estar a incomodá-la… Óptimo! Óptimo! Não imagina as formas que pensei para iniciar esta conversa, sim, é verdade, parece que temos sempre a mesma idade, obrigado, também é bom ouvi-la, desde já, desculpe o formalismo, mas não me sentia à vontade para tratá-la na segunda pessoa, não estou a ouvir bem… O quê? Ah, sim, já estou a ouvir melhor, olhe, vou-lhe contar as coisas como aconteceram, como sabe, nunca fui amigo da mentira, tive de vender a quinta que era pertença da minha família há, pelo menos, três gerações, era isso ou o meu filho acabava mal, o jogo (por momentos, só se ouvia o respirar dar voz ao sentir)… Sabe como é, quando sobra em tempo o que falta em cabeça, o resultado, por norma, chama-se desastre, foi o que aconteceu (...)

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