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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Os Invisíveis


 

Ouviram um barulho pela casa, passos e simultaneamente algo a ser arrastado, entreolharam-se, mas podia ser numa casa vizinha, gradualmente os passos a aumentar, a aumentar, os arrastares também, agora vozes, eles (em que parte da casa estariam?) já em espanto, a sair do quarto, do cimo das escadas viam um entra e sai constante, sujeitos a levar móveis, sofás, quadros, objectos, tudo a ser-lhes retirado sem um aviso, uma palavra, nada, a incredulidade inicial deu lugar à indignação, desceram as escadas, entretanto, para aí a meio, um sujeito cruza-se com eles, subia em direcção ao quarto, parecia nem vê-los, como se não existissem, tal o foco do seu olhar no cimo das escadas, estranharam a ausência, pelo menos, de um cumprimento, a mais elementar prova de educação, foram perpassados por um frio profundo quando se cruzaram com o sujeito na escada, no piso térreo havia perto de uma dezena de desconhecidos a retirar tudo o que vissem da casa, estavam incrédulos (Mas o que é isto? O que se passa? Estamos a ser alvos de um assalto?) com os acontecimentos, tentaram articular frases, porém, a voz sumira-se, de novo, entreolharam-se, apenas gestos a exprimir a impossibilidade do verbo, ele sossegou-a e indicou-lhe para não sair de onde estava, avançou ao encontro daquele ininterrupto entra e sai da sua casa, todavia, ou ignoravam-no ou não o viam, ninguém parecia dar pela sua presença como há pouco sucedera na escada...

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