Livros do Escritor
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
(…) não me
recordo das primeiras frases, apenas guardo a melodiosa familiaridade da sua
voz e o primeiro horizonte que partilhámos, e isto foi há tanto, num ontem tão
ontem que eu um outro, antes de me ir embora, quero regressar, num entardecer,
àquele local, creio, com sinceridade, que todos temos um lugar neste mundo,
como se, desde sempre, estivesse à nossa espera…
in A arqueologia de mim
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
terça-feira, 19 de fevereiro de 2019
sábado, 16 de fevereiro de 2019
(…) mas sempre esta nossa insistência em confundir desejos com factos, a
frieza da realidade, pois, numa permanente espera pelo nosso regresso do sonho,
em verdade, sonhar talvez seja virar costas à realidade, cada vez me convenço
mais disso, sabe, chegamos a um ponto da vida em que temos mais rostos na
memória do que à nossa volta, mas com o tempo vão-se diluindo, diluindo, até
que só ainda a voz ecoa, indelével, talvez para nos relembrar diálogos
interrompidos.
in Todos os sonhos cumpriram-se, menos o sonhoquarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
A morte de uma ideia
De repente, uma frase desvela o sentido das coisas, Só nos apaixonamos por ideias, e mais
outra, Em verdade, nunca nos apaixonamos
pelo outro, mas sim pela ideia que dele construímos, e ainda, Reparem: o outro nunca nos desilude, em
verdade, é apenas a ideia a morrer, eu, siderado, na compreensão do Sentido, de facto, nunca tinha visto as
coisas por esse prisma, então, na realidade, simplesmente apaixonei-me pela
ideia que construí da… Bom, vou começar como deve de ser, ou seja, pelo início,
estava-se naquela altura do ano em que se desespera por sol, o Inverno havia
sido inclemente, já nem me recordava de olhar as alturas, tal o cinzentismo que
nos cobria há tanto, pelos passeios, um trânsito de guarda-chuvas a potenciar
eventuais acidentes, como música de fundo, o som contínuo dos limpa
pára-brisas, no seu incessante movimento de pálpebras mecânicas (…)
domingo, 10 de fevereiro de 2019
Todos os sonhos cumpriram-se, menos o sonho
A
última vez que o vi? Bom, foi há umas semanas, fomos lá a casa, e, não sei porquê,
achei-o ainda mais calado, à superfície apenas a circunstância, pouco mais, a
minha cunhada sempre aquém desta realidade, com ela as palavras
circunscreviam-se a bibelôs e cortinados, o mais ser-lhe-ia inconcebível, no
fundo a vida é isto, dois estranhos a viver sob um tecto durante décadas, ele
apercebeu-se do erro já tarde, demasiado tarde, acreditava no destino, e,
durante muitos anos, aceitou-o, até deixar de o suportar, repare nisto: todos
os seus actos foram de uma extraordinária lucidez! Não admito outras
conjecturas acerca do seu comportamento! Nem tão pouco juízos de valor! Creio,
sinceramente, que ele entrou numa espiral de desencanto, haverá coisa pior?
Numa dolorosa lentidão, foi deixando, deixando, deixando, o exterior, para se
refugiar em si, mas esse era, de facto, o lugar menos recomendável, os seus
telefonemas tornaram-se esparsos, claro que, visto daqui, tudo se compreende
melhor, infelizmente é sempre assim, não é verdade? A distância, pois, a
distância, clarificadora, fria, indiferente, aqui chegados, o que nos resta?
Reescrever a geografia de uma alma? Meu irmão já cá não está, de que adianta?
Concordo, falar aquieta a dor, mas, por outro lado, penso, não sei porquê, para
ele só havia um caminho, à luz do agora parece fazer sentido, não sei se me
compreende…
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
… depois
surge a figura dele, lá vai, numa passada em que se lê o saber da amargura do
destino, mas obstina-se, lá vai, sempre, àquela hora, como se um rito, lá vai,
ela mão no vidro, a sentir aquela frieza que traz consigo sempre a memória do
real, a mão em adeus, ou num apelo, mas ele sempre, lá vai, a dobrar a esquina,
até que, por fim, apenas uma mão no vidro.
in E se de uma janela nem horizonte...
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