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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Quantas casas cabem numa vida?




Comecei a aperceber-me de que ela não estava bem, logo no primeiro fim-de-semana, a seguir ao almoço, íamos àquele restaurante de que tanto gostava, sempre a gabar as doses fartas e saborosas – creio que não havia um único conhecido seu que não tivesse ouvido falar no dito restaurante –, era um Sábado, acabámos um pouco antes das quinze, enquanto pagava, não sei porquê, mas fiquei a observá-la, como se para me assegurar de que era desta, de que não havia mais equívocos, porém, daquela curta distância, não obstante o contínuo cirandar de vultos, no interior concorrido do estabelecimento, visualizei-lhe o início de um terror mudo pela face, nessa altura, entre o pagamento, a espera pelo troco, pensei, confesso, que o equívoco estivesse em mim, talvez não a tivesse observado devidamente, contudo, assim que saímos para a calçada ensonada, numa tarde de Sábado, daquela povoação, como uma evidência, saltou-me à vista o seu flagrante terror perante a actual circunstância (...) 

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