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sábado, 21 de dezembro de 2019

Uma Mão Estendida para o Nada



Ali estava ele, sentado na calçada de uma movimentada rua da cidade (Qual?), de mão estendida. Devia ser de tarde. Mas ele há muito desinteressara-se do tempo dos outros. Observava os passantes na ânsia da dádiva. Alguns devolviam-lhe uma certeza que, de alguma forma, conseguira soterrar em si, através de um olhar inflexível. Estes eram sempre os mais apressados. Geralmente, andavam munidos de uma pasta. Transpareciam uma confiança, em cada passo, que o deixava atónito. Como se soubessem, em algum recanto interior, que o destino era um servo submisso à espera das suas instruções no alpendre. E ele, a sentir, simultaneamente, o frio e a dureza da calçada, nutria compaixão por eles. Mas uma compaixão sincera. Como se os olhasse de um cume, e os soubesse na dura inclinação da encosta (...)

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